Vultos desaparecidos: Rolão Preto.
Rolão Preto, o
pai do fascismo português, foi expulso por Salazar por duas vezes e acabou por
ser condecorado por Mário Soares.
Rolão Preto nasceu no Gavião, em 12 de Fevereiro
de 1893 e morreu em Lisboa em 18 de Dezembro de 1977.
Foi um dos fundadores do Integralismo Lusitano, e
«Chefe» do Nacional - Sindicalismo português.
Foi também o redactor dos 12 pontos do documento
distribuído em Braga no começo do movimento militar de 28 de Maio de 1926, que
instaurou a ditadura militar.
Em 1930, dirigiu com David Neto e outros
sidonistas a Liga Nacional 28 de Maio, grupo de origem universitária, que se
auto proclamara defensora da Revolução Nacional.
Mas foi em Fevereiro de 1933 que Rolão Preto se
tornou uma figura nacional, com o lançamento público do Nacional-Sindicalismo.
Movimento de tipo fascista, conhecido pelos
camisas azuis, o Nacional-Sindicalismo foi uma organização que conseguiu algum
apoio nas universidades e nos grupos de jovens oficiais do Exército.
Devido a incidentes nas comemorações de 1933 do 28
de Maio em Braga, onde houve confrontos entre os nacional-sindicalistas e a
polícia, por causa de um discurso claramente anti-salazarista de Rolão Preto, o
jornal Revolução, de que era director, acabou por ser suspenso.
O Nacional-Sindicalismo dividiu-se em Novembro de
1933 quando o grupo mais numeroso decidiu apoiar Salazar e integrar-se na União
Nacional, abandonando assim as ideias de independência perante o novo regime
defendidas por Rolão Preto e Alberto Monsaraz.
Rolão Preto é detido em 10 de Julho de 1934 e
exilado quatro dias depois, vindo a residir durante um tempo em Valência de
Alcântara, em Espanha.
Em 29 de Julho o nacional-sindicalismo é proibido
por meio de uma nota oficiosa de Salazar, que afirma que o movimento se
inspirava «em certos modelos estrangeiros». Referia-se claramente ao fascismo
de Mussolini e ao Nacional Socialismo de Adolf Hitler.
O pai do fascismo português é assim exilado uma
primeira vez por Salazar e só voltaria a nosso país em Fevereiro de 1935, mas
logo seria implicado numa tentativa de golpe contra o regime, em Setembro de
1935 - o Golpe de Mendes Norton, com tentativa de revolta do navio Bartolomeu
Dias e do destacamento militar do Quartel da Penha de França - e obrigado a
novo exílio.
Residindo novamente em Espanha, acompanhará a
Guerra Civil ao lado dos falangistas.
Regressado a Portugal retoma a intervenção
política apoiando o MUD - Movimento de Unidade Democrática - criado no Outono
de 1945 para participar nas eleições de Novembro seguinte, as primeiras
eleições do Estado Novo em que se admitiram listas alternativas. Nesse ano
publica o seu livro A Traição Burguesa. Mais tarde, apoia a candidatura de
Quintão Meireles nas eleições para a presidência da República de 1951 contra o
candidato oficial, Craveiro Lopes, discursando na única sessão política da
campanha.
Em 1958 apoiará Humberto Delgado, participando
activamente na campanha eleitoral, sendo responsável pelos serviços de imprensa
da candidatura.
Em 1970, constitui com outras personalidades
monárquicas a colecção «Biblioteca do Pensamento Político» e integra a
Convergência Monárquica, organização política monárquica que reúne o Movimento
Popular Monárquico, de Gonçalo Ribeiro Teles, a Renovação Portuguesa de
Henrique Barrilaro Ruas, em que participava, e uma facção da Liga Popular
Monárquica de João Vaz de Serra e Moura.
Participa nas eleições de 1969, nas Comissões
Eleitorais Monárquicas, as únicas eleições durante o período de governo de
Marcelo Caetano.
Em 1974 assume a Presidência do Directório e do
Congresso do Partido Popular Monárquico (PPM), fundado em 23 de Maio.
Mário Soares, enquanto Presidente da República,
condecorou-o a título póstumo, em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da
Ordem do Infante D. Henrique pelo seu «entranhado amor pela liberdade».
Fontes:
José Manuel Alves Quintas, «Rolão Preto», Unica
Semper Avis, Maio de 2000.
João Medina, Salazar e os Fascistas: Salazarismo e
Nacional-Sindicalismo, a história dum conflito, 1932/1935, Lisboa, Livraria
Bertrand, 1979.
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