BICENTENÁRIO DE CAMILO CASTELO BRANCO
Aos 16
de Março de 2025 comemora-se o
nascimento a 16 de março de 1825, em Lisboa de Camilo Castelo Branco, um dos
mais brilhantes romancistas portugueses do século XIX.
Filho de Manuel Joaquim Botelho
e de Jacinta Rosa do Espírito Santo, Camilo cedo ficou órfão (de mãe aos 2 anos
e de pai aos 10), tendo por isso mudado de Lisboa para Trás-os-Montes onde
cresceu com uma tia paterna num ambiente de “fragas e viver primitivo”, nas
palavras de Alexandre Cabral. A sua personalidade viria assim a ser moldada por
um caráter rebelde e contestatário que marcou profundamente uma vida buliçosa e
de permanente instabilidade. A sua obra é, de certa forma, reflexo dessa sua vivência,
retratada em muitos dos seus romances e novelas.
Algumas das suas mais
conhecidas obras como “Amor de Perdição”, “A Viúva do Enforcado”, “A Brasileira
de Prazins” ou “A Queda de um Anjo” integram um vasto conjunto que chegou a
quase duas centenas de títulos (segundo alguns autores chegaram mesmo a ser
mais), entre originais, traduções, prefácios, crítica literária e outras
colaborações.
A sua intensa atividade
literária estendeu-se à contribuição em inúmeras publicações periódicas,
como: A Revolução de
Setembro, O
Panorama, Revista
Universal Lisbonense, A
Ilustração Luso-Brasileira, Revista
Contemporânea de Portugal e Brasil, O Arquivo Pitoresco, Gazeta Literária do Porto, Ribaltas e Gambiarras e A Ilustração Portuguesa,
entre outras. Foi assim considerado o nosso primeiro escritor profissional.
Após um período de grande
sofrimento provocado pela grave doença dos olhos que o torturou,
particularmente no período entre 1888 e 1890, e desenganado da cura pelo médico
oftalmologista Edmundo Machado, viria a por termo à vida na tarde de domingo,
dia 1 de junho de 1890, na sua casa de Ceide, hoje sede do Centro de Estudos
Camilianos.
Assinalando o bicentenário do
seu nascimento, encontra-se na Sala do Catálogo da Biblioteca Geral uma
exposição bibliográfica com parte significativa da sua produção literária,
essencialmente primeiras edições, com particular destaque para as obras
pertencentes ao fundo Visconde da Trindade.
Celebrar Camilo Castelo Branco é celebrar a contradição e a combinação
entre o romantismo e o realismo, num claro percurso de superação. É recordar a
audácia do tom coloquial que continua a invocar um diálogo com as leitoras e o
domínio perfeito das palavras que tantas vezes serviram como crítica social.
Camilo carrega em si e na sua escrita única e poderosa pedaços de histórias,
memórias de muitas e muitas pessoas, paixões e lugares. Carrega em si um
passado, um presente e, certamente, um futuro. De uma riqueza literária ímpar,
o autor conduz-nos na apologia do poder transformador do amor, que acreditava
ser suficiente para salvar cada um de nós. E mais do que amor, Camilo
representa eternidade e intemporalidade e a cidade do Porto respira este legado
na sua plenitude.
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Casa Museu de Camilo Castelo Brnco |
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